Frio
O fim-de-semana terminou... já estou em casa.
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Cheguei cedo hoje... mas a vontade de sair, a vontade de enfrentar o frio é nula.
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Não gosto desta altura do ano. Parece que toda a gente anda com estrelinhas nos olhos e guizinhos nas orelhas. Não é fácil explicar porque não gosto do Natal... talvez porque não há grandes motivos de alegrias e a própria época aviva ainda mais as recordações. Está quase a fazer um ano. O tempo voa!
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Ao longo dos últimos dois dias, portanto durante o fim-de-semana, tive mais um daqueles momentos de realidade. Realidade nua e crua que desponta nos nossos pensamentos.
Passei a sexta à noite no sítio do costume. Vi a bola. Comentei e falei com aqueles que estavam por lá. Alguns conhece-os vai para muitos anos... décadas até!
Mas quando dei por mim... apercebi-me. Ali não estava nenhum dos Amigos. Estavam simples amigos... mais próximos dos conhecidos.
É significativo que o melhor momento da noite tenha sido quando apanhei o computador livre e consegui ir ver o email... O melhor momento da noite foi um momento de solidão... um momento de solidão em que não me senti tão sozinho.
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Na noite de sábado fiz a mesma coisa... fui para o mesmo sítio. Muita gente. Muitas caras conhecidas... o mesmo sentimento. As sensações vão sendo ludibriadas com as cervejas que vou pedindo. Conversa aqui. Conversa ali. De repente percebo... não estava em nenhuma mesa! Eu não era de nenhuma mesa. Não pertencia a ninguém dali.
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Aquelas pessoas que eu conheço mais ou menos sairam para outro bar. Um bar onde estava a tocar um grupo que conheço os elementos. Lá fui.
Lá encontrei finalmente uma companhia. Uma jovem que, pelos vistos, gosta muito de conversar comigo... e eu com ela! Sim! Não! Não é nada disso que estão a pensar... É verdade que ela encanta-me e que gosto dela mas não está interessada em mim. Cheguei a pensar que sim... tive essa dúvida realmente, mas já está esclarecida!
Passei um bom bocado com ela... a dada altura da noite ela pergunta-me: Olha! Onde é que estão os que vieram contigo? Sorri e respondi Vim sozinho.
Estas palavras bateram-me... em menos de cinco minutos estava a sair porta fora em direcção a casa... tal e qual como tinha entrado... sozinho!
O Natal é bom quando somos crianças. Depois disso torna-se cada vez mais vazio, salvo quando temos crianças...
"Parece que toda a gente anda com estrelinhas nos olhos e guizinhos nas orelhas" - LOL LOL!!
Detesto a hipocrisia do Natal. Só de pensar no que vou ter que aturar este ano...vou desejar muito que chegue o dia 26.
Já me tinha lembrado de que está quase a fazer um ano...
Quanto ao ir sozinho ao bar, tens sorte! Podes ir sozinho mas sempre conheces pessoas que lá estão!
O Natal tb me chateia. Por tudo.
Tento pensar que é um pretexto para nos encontrarmos com os nossos, mas às vezes não chega. O que vale é que pelo menos a minha Mãe ainda vê o Natal como uma criança. Talvez pq não valoriza a parte material. Agora as comidinhas...
Às vezes também sinto que não pertenço a ninguém. Só à minha família (e seleccionada) e a alguns Amigos, entre os quais estão vocês. Não tenho que "pedir" atenção, limito-me a usufruir da companhia.
Tu também nos pertences. Disso podes ter a certeza! Sei que não podemos substituir a família pelos amigos, mas os nossos abraços estão sempre aqui.
Meus lindos:
Os amigos são a família que a vida nos dá! Não podemos escolher a família, já os amigos...
Concordo, zeni. Embora nas nossas famílias os laços de sangue também sejam de amizade.
Tão triste... custa-me ler o teu texto... principalmente porque também me identifico com o que dizes...
Mas olha à tua volta... e presta atenção, porque muitas vezes somos nós que nos fechamos na nossa própria solidão e mesmo sem querer, não deixamos ninguém entrar...
Eu gosto do natal. :)Acho que as pessoas deixam vir ao de cima o seu lado melhor, ou seja, deixam cair as defesas. Nessas alturas, eu não me sinto tão deslocada. :)
Mas concordo com o que li sobre a solidão. Eu estou habituada a ter sempre alguém do meu lado (amigos; familia), mas muitas vezes, também sinto esse tipo de solidão. E muitas vezes, procuro-a propositadamente.
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