Mar
Eram dias escuros de angústia polvilhados de pózinhos de sal e de sol. Perdido nos seus pensamentos dialogava consigo próprio infindáveis monólogos em que ora fazia de vítima ora fazia de herói. Por vezes fazia de indiferente, papel onde o seu traquejo atingia níveis elevados, próprio de deuses esquecidos há muito pelo tempo. E era assim que se sentia... esquecido pelo tempo. Afastado do espaço. Onde o tempo não passa. Num doce e desconcertante amargo limbo. Mas naquela noite decidiu não pensar nas histórias amargas e nas agruras da vida. Recordou somente as horas passadas em conversas contínuas de palavras soltas com estórias saltitantes, de copos bebidos com gosto a felicidade feita de pequenas coisas e de destinos comuns onde não realizamos muito, mas realizamos o melhor que podemos.