Caminhou
Caminhou daquela rua da Baixa até onde tinha deixado o carro. Meia hora passava da meia-noite e as ruas estavam deserta. Ainda de fato e sobretudo àquela hora da noite de sexta para sábado. Caminhou sentindo cada pequena escuridão que gritava de cada canto menos iluminado. Caminhou. Caminhando. Pensando. Sentindo o frio que se fazia sentir. O carro lá estava onde o tinha deixado umas horas antes em frente da Casa dos Bicos. Era tarde e cedo. Era tarde para quem se tinha levantado muito cedo. Era cedo para quem não sentia que era tarde. Apetecia-lhe beber um copo. Não lhe apetecia companhia. Apetecia-lhe casa. O sossego da casa. O silêncio da casa. As referências da casa. Pensou no que tinha para beber. Não tinha nada. Decidiu parar numa estação de serviço e comprar umas cervejas. Assim o fez. Na estação de serviço pululavam animais. Só podem ser animais gente cujo divertimento de uma sexta é ir para uma estação de serviço mostrar os seus carros tunning e vegetarem por lá a beber cerveja. E eu penso Não há grande diferença entre estes animais e o animal que eu sou, tanto eles como eu fazem o que lhes está a apetecer naquele momento. Encaminho-me para casa. Abro uma cerveja e bebo-a à janela. Penso no dia. Penso que hoje estive abraçado a uma deusa. Penso que há coisas engraçadas. Penso em como é possível gente que não me conhece de lado nenhum consegue conhecer-me melhor do que pessoas que me conhecem tão bem. E penso como isso é engraçado. E penso que não tenho vontade de rir. E penso que não vale a pena pensar nisso. E agarro na segunda cerveja e dou mais uma golada. E encolho os ombros e sorrio.
:)
lembra-me seaweed, dos tindersticks
osculinhos
pipoq
ah.. tipo isto. mto. :)
abracinhos complementares aos osculinhos.
pipoq*
A sorrir é uma bela forma de acabar a noite.
E é esse encolher de ombros.
Que dá graça.
A isso que chamas..
De caminho!
Bebo-te.
da mesma cerveja.
sorrio-te num mesmo encolher de ombros.
amigo.
Beijo. Boa semana.
Já tinha saudades de textos assim neste blog.
Fantástico!
Porque escreves sempre como sendo "ele"?
Às vezes é necessário 'muito pouco' para esboçarmos um sorriso... que vem da alma!
Parece-me haver um passarinho verde! ;-)
O que será que aconteceu à Deusa do princípio deste ano? Sou apenas eu a pensar e não uma pergunta.
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