Devia estar contente
Saio tarde do curso... vou caminhando pelas ruas desertas e escuras até à ruazinha escondida onde todas as manhãs deixo o carro. Deixei-o lá esta manhã às sete e pouco. São agora dez e meia da noite e vou caminhando com passo ritmado e apressado pelas ruas. São dez minutos a pé. Caminho respirando a escuridão fria que me envolve. Envolve o meu corpo, mas está presente na minha alma. Já não sinto alegria... já não sinto tristeza... já não sinto nada... resignação talvez. Não sei... pensamentos surgem à tona como janelas pop up num qualquer pc. Devia convidá-la para sair. Pois devia. Não suportas nãos. Pois não. Esperas sempre que te convidem. Pois é. Chego ao carro e dirijo-me para casa. Passo primeiro nas bombas para abastecer. Vou olhando para os números a rodarem. És parvo. Pois sou. Cobarde. Um pouco. Fraco. Já estás a exagerar. Desculpa. Pois sim. Chego a casa. Vazia. Fria. Sem vozes. Sem côr. Sem aromas a voar. Sem um sorriso quente que me receba. Está mais desarrumada. Era feriado na quinta e a empregada não veio. Ponho roupa a estender... tinha deixado uma máquina a lavar antes de sair. Ponho outra máquina a lavar e vou deitar-me. Demoro a adormecer. Durmo mal. Acordo várias vezes ao longo da noite. Finalmente o despertador toca. São seis e meia. Arranjo-me. Antes de sair ainda estendo a roupa que lavou durante a noite. Saio e acabo por estacionar o carro no mesmo sítio onde esteve umas horas antes. Vou trabalhar. Chego a tempo da abertura... era importante hoje. Desfaço tudo o que tinha... depois de meses a penar voltei a ter os objectivos feitos e ainda faltam quase três meses para acabar o ano. Não pretendo mexer uma palha até lá... devia estar contente. Não estou! Já não sinto alegria... já não sinto tristeza... já não sinto nada...
Não te resignes!!Essa apatia, o viver amorfo, são o que de pior podemos fazer. O "laissez faire, laissez passer", não deve ser o mote da existência humana!!Sei lá , digo eu, aqui tão cheia de certezas e tantas vezes também sigo assim no piloto automático...mas não me quero resignar!
(Remember Dylan Thomas :-)?)
ah e convida-a para sair...afinal, nunca se sabe, ela talvez só esteja à espera do teu convite
Deixa-te de lamúrias e convida-a, mas é! Um não é sempre garantido. O que tens a perder? E o que podes ganhar?
Ps:Passa lá por casa para levares as tuas coisas.
incomodam-me as tuas últimas palavras... como é possivel alguém já não sentir nada? sentes sim! e como já te foi dito nos outros comentários... convida... nessas coisas apenas podes ganhar... já que nada tens a perder...vá força!
O medo é um dos nosso maiores inimigos...
E não podes dar espaço a essa apatia :(
E muito menos deixar de acreditar.
É tal como aquele espírito que temos de procurar, para nos devolver o brilhozinho no olhar.
eh pá ele há dias em q me apetece bater-te. Sim! Bater-te à porta e depois, sim, então, bater-te. Pregar-te um murro nas costelas. Logo vias se inda te dói alguma ocisa ou ñ...
Às vezes sinto-me culpada. És meu amigo, agora até tamos na mesma cidade e quase ñ te vejo... Sabes q tenho horários parvos e trabalho quando os outros tão na descontra. (E quando aparentemente e, eu sei q é realmente,tu tás no deprimente...) Inda por cima vem lá o tempo mau. Acabaram-se as oportunidades de esplanar nos bons spots desta cidade.
Esta semana, vais levar porrada, assim eu tenha folga...
Convida-a para sair. Arrisca-te. Se receberes um não, não importa, porque tentaste, deste o passo... Se não sentes nada, convida-a para sair, um turbilhão de sentimentos te vai invadir... sente-te vivo!
Muda de esplanada, muda de trabalho (se for possível), compra xanax, muda de vida e só interessa mesmo manter os amigos verdadeiros e quando mudares tudo não te esqueças de não deixar a triste rotina voltar novamente.
Abraço e muita força que vale a pena tentar ser feliz ( eu já fui durante uns anos...)
Já te ocorreu que ela pode ter a mesma espécie de travões que tu? Sei lá, ser tímida, reservada, ter medo. Resultado, vão ficar os dois eternamente à espera, sem que nunca venham a saber o que podem ou não ter deixado perder. Se achas que há hipótese de perderes algo de importante... tu é que sabes.
Muda o diálogo dos pop ups. Se ouvires um não, é porque à tua espera está um sim melhor.
Caio na redundância: convida-a! Se não arriscares, provavelmente nunca vais saber a resposta...
Cumpriste alguns objectivos...talvez esteja na hora de outros, mais pessoais. Afinal ainda faltam 3 meses :) Brincadeiras à parte, as derrotas fazem parte da vida e às tantas talvez mais valha avançar e eventualmente receber um não, do que nem sequer tentar...arriscar tanbém faz parte deste jogo que é a vida :)
...
:)
(mais uma vez, revejo-me na "solidão" do texto, na "resignação"...)
concordo com a Semremos...
Pessoa a passar por aqui...
fica bem
abraço
Quem tem tantos amigos não pode ficar assim...
Stratega dá-lhe com força!!!
[Stratega dá.lhe mas convém que seja rápido certinho e direitinho]
Por ler este teu texto, vi-me a pensar numa pergunta que faço a mim própria há imenso tempo:
O que é a vida? A vida é só isto?
A vida é só trabalhar, comprar carro e casa, constituir familia, dar uns passeiozinhos de vez em quando?
Quando caio na realidade e me deparo com a vida, vejo que é isto mesmo....
A vida é mesmo só isto e entristece-me, quando olho á minha volta e vejo pessoas preocupadas com tanta banalidade que me chegam a meter nojo...
Beijos
Viva, Esplanando!
Deverias estar contente? Porquê? Isso está na lei? Ditadura da felicidade? Pensei que essas dúvidas, interrogações, medos, hesitações, etc., fossem parte incontornável da vida. Continua a ser fraco, forte também, e convida-a para sair quando te apetecer, só e apenas se te apetecer. Deixo-te um poema do tio Walt Whitman que provavelmente se será familiar: lê-o e partilha-o, se te apetecer, e não só pela última parte.
Grande abraço
O me! O life!... of the questions of these recurring;
Of the endless trains of the faithless--of cities fill'd with the foolish;
Of myself forever reproaching myself, (for who more foolish than I, and who more faithless?)
Of eyes that vainly crave the light--of the objects mean--of the struggle ever renew'd;
Of the poor results of all--of the plodding and sordid crowds I see around me;
Of the empty and useless years of the rest--with the rest me intertwined;
The question, O me! so sad, recurring--What good amid these, O me, O life?
Answer.
That you are here--that life exists, and identity;
That the powerful play goes on, and you will contribute a verse.
Walt Whitman
1819-1892
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