terça-feira, janeiro 23, 2007

Cor

E nas noites negras de escuridão e geladas de azul surgem fantasmas vítreos assaltando o espírito verde de esperança com imagens de vermelho fogo de desejos... horas brancas passadas em tons de rosa carne. Abri a cancela de seres estranhos mitológicos dançando em busca da pureza que paira no ar. O ar amarelado do calor pesa sobre o chifre do rinoceronte que corre sôfrego para o penhasco fundo onde corre a seiva da floresta virgem. Ventos correm e apoiam as asas do albatroz que se sustem no alto junto às folhas velhas e ressequidas de tons castanho claros escurecidos pelo poder do sol que se esconde atrás das montanhas de gelo que derretem inundando de destruição os vales profundos onde habitam seres nunca vistos e imaginados de cores alegres tristes de sorrisos que saiem correndo em gargalhadas sonoras que ofuscam com a sua luz o raio que troa ao longe de raiva. As listas do tigre passam despercebidas junto ao fogo que brota das pedras duras do gelo que se liberta das almas que fogem a tentar alcançar quem as clama. E no mar, ondas de prazer ondulam nos cabelos claros da espuma que se liberta das rochas desfeitas pelos sons dos gritos das cobras que se enrolam naqueles que ousam desafiar o fio do tempo. Negros cavalos cegos galopam pelas núvens cinzas doces que abraçam a lua numa dança diabólica milenar de bruxas queimando histórias de desencantar. E no fim... tudo está calmo. O vento não sopra. As cores não tingem. Os sons não tocam. Resta só o solo que se move em explosões calmas de fogo expelindo a água que lava a maldade das raízes da não existência.

Anónimo disse...

Místico... brilhante.
Felizmente resta o solo...
E que cumpra as funções a que se propõe, para que depois possam vir os sons. Harmónicos e melodiosos.

Anónimo disse...

Muito bonito :)
Gostei particularmente da última parte: "E no fim... tudo está calmo. O vento não sopra. As cores não tingem. Os sons não tocam. Resta só o solo que se move em explosões calmas de fogo expelindo a água que lava a maldade das raízes da não existência."

Anónimo disse...

Temos poeta! Sempre a surpreender...Que momento foi ess?

Anónimo disse...

Embaraçadamente delicioso: tumulto, sentidos... e no fim a bonança nunca certa. Lindo!

Anónimo disse...

Eu bem disse que tens poesia nas veias...só tu nao queres ver :p

Anónimo disse...

O uso de psicotrópicos é contra-indicado em casos maniaco-depressivos.
Leia atentamente o folheto informativo

intruso disse...

belo post,
com cor nas palavras.

abraço