quinta-feira, abril 26, 2007

Gajas nuas

Amanhã à noite vou ver gajas nuas. Mesmo nuas. Mesmo gajas. Gajas mesmo nuas. Mas vão estar mesmo nuas... as gajas. E elas são boas... as gajas. Mas mesmo muito boas. As gajas que vão estar nuas. E boas que elas são... as gajas, as gajas que estarão nuas. E para quê tanto entusiasmo com as tais gajas... que são boas e nuas? Sinceramente não me aquece nem arrefece. Mas são gajas... estão nuas... e são boas. E não é todos os dias nem certamente todas as noites que eu vejo gajas nuas... e boas. Mas mesmo boas e nuas... as gajas.

segunda-feira, abril 23, 2007

Dot.com

A minha experiência com filmes portugueses em salas de cinema é o que se pode apelidar de um autêntico desastre. Eu gosto de cinema e acho que um filme deve essencialmente servir o propósito de entretenimento e só depois o propósito da arte.
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O primeiro filme português que vi numa sala de cinema foi um tal de Corte de Cabelo, realizado por Joaquim Sapinho em 1995. Este filme teve o mérito de me fazer prometer que iria passar muito tempo até que voltasse a deslocar-me a uma sala de cinema para ver um filme português.
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Muitos anos depois a força dessa promessa foi esmorecendo. Um dia lá voltei a entrar numa sala... desta vez para ver A Mulher Que Acreditava Ser a Presidente dos EUA, realizado por João Botelho em 2003. Ao sair pensei que me bastaria ver um filme português em cada década. Mais do que isso seria um exagero.
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Este fim-de-semana decidi arriscar e fui ver Dot.com, um filme de Luís Galvão Teles. E a única coisa que posso dizer é Obrigado, Luís! Obrigado por me teres reconciliado com o cinema português. Não é um filme extraordinário mas foi um dos melhores entretenimentos que tive numa sala de cinema no último ano. O filme é engraçado, a fotografia é excelente, a história é gira, faz rir, tem bons actores, é bem dirigido. É mesmo caso para dizer... Obrigado, Luís!
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Para quem puder... não o deixem sair de cena sem ver!!!

domingo, abril 22, 2007

Play me #19

Nova música... já a conheço vai para mais de um ano. Nos últimos dias andou a martelar na minha mente insistentemente e sem saber que música era nem onde a encontrar. Simplesmente sabia que a tinha. Hoje, antes de sair de casa, enfiei este CD no carro sem saber porquê. Foi com surpresa que ouvi logo na primeira faixa a música que me invadia a mente nos últimos dias. Sufjan Stevens no álbum Illinoise com o tema Concerning The UFO Sighting Near Highland, Illinois. Estes acordes de piano são simplesmente deliciosos... têm aquele dom de fazer pensar.

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Sento-me agora aqui... o ecrã, essa eterna companhia. A principal... a sempre fiel luminosidade que aparece com o simples gesto de carregar no botão. Foi a companhia deste domingo seco e sem história. Ao lado um copo de branco ajuda-me a passar as horas finais deste fim-de-semana. A companhia da música vai soando. É companhia boa esta que toca... mas é companhia que não me toca. O toque é tudo. Será?! Talvez... talvez não seja tudo mas faz falta. O toque... essa falta que faz. Ao longo de um dia inteiro as palavras que troquei foram simples. Um café pedido no café do bairro, o telefonema para os pais para saber se estava tudo bem, a lavagem do carro normal na estação de serviço aqui ao lado, a dose de sardinhas com meio jarro de sangria na esplanada do restaurante que tanto gosto ali ao lado da Casa dos Bicos, o conselho ao turista que pretendia saber se podia ir a pé dali até ao Oceanário... resume-se a isto as palavras que sairam da minha boca hoje. O resto... conversas de mim para comigo. A sanidade já lá vai... não pode ser sano quem abre uma garrafa de branco vinte minutos depois das dez da noite num domingo só porque lhe apetece. É o que me apetece... mais um copo! Quando o que me apetece é o toque. Estarei bem? Não estarei certamente... Quando me deitar devo estar... estar enebriado pelos torpores do álcool. Aí estarei bem. Foi a isto que cheguei... uma mente brilhante, um ser sensível, alguém capaz de dar muito... afundei-me. O brilhantismo ofuscou-se, a sensibilidade apagou-se, a capacidade de dar permanece orfã de quem queira receber. E, sinceramente, não me apetece prosseguir este post... entre o apagar e o publicar será o publicar caso alguém estiver a ler isto.

terça-feira, abril 17, 2007

Beijo

No meu primeiro beijo vi estrelas! A sério! Era uma noite de verão, abri os olhos e vi um céu estrelado enquanto pensava para comigo não sei o que está a acontecer, mas é bom. Ela veio ter comigo e perguntou-me tu já alguma vez curtiste com alguém? e eu disse-lhe não! e na minha inocência perguntei-lhe era só isso que querias saber?, quando ela disse sim, era só isso voltei costas e preparei-me para voltar para dentro quando senti um grande puxão pelo braço, um abraço forte e um valente beijo que entrou dentro de mim de repente. Deve ter sido longo, não me lembro. Lembro-me sim que terminou quando ela quis, largou-me e foi-se embora a correr porque já passava da hora do recolher. Foi assim o meu primeiro beijo.

segunda-feira, abril 16, 2007

Críticos

De entre as muitas espécies humanas que mereciam a extinção, julgo que a sub-espécie dos críticos de cinema é aquela cujo desaparecimento melhor servia os interesses da humanidade. Talvez algo exagerado esta frase... mas não faz mal, estou simplesmente a usar as mesmas palavras fortes que eles usam e de que são de uma leveza insignificante para o que eles merecem.
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A figura do crítico de cinema é um tremendo anacronismo. Representa aqueles tempos em que as massas precisavam de alguém instruído e iluminado que as orientasse nos seus gostos. Alguém que dissesse o que deveria ser visto e o que não deveria ser visto. Alguém cujas capacidades cognitivas estavam acima do comum dos mortais e que procedesse como grande educador e orientador dos gostos dessa tal gente a quem chamam povo. Pois bem... esse tipo de orientação é típico de sociedades ditatoriais. Ou seja, os críticos de cinema são próprios de sociedades estalinistas ou salazaristas... escolham aquele que preferirem ou mesmo os dois que para mim tanto se me dá.
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Hoje em dia a opinião de um crítico de cinema é tão válida como a opinião daquela gente que vive a semana a pensar no maravilhoso fim-de-semana que se aproxima e que vai ser passado a passear num qualquer centro comercial para onde foram logo de manhã no seu carro tunning cujas jantes e o sistema áudio valem mais do que o apartamento onde vivem e em que eles gastam um frasco de gel a tentar despentear ordenadamente o cabelo e vestidos com a roupa em que gastaram o ordenado inteiro sem pensarem em qualquer tipo de poupança enquanto têm os dentes para arranjar porque não dá para tudo e os dentistas não estão para crédito mal-parado e onde elas vão todas aperaltadas vestidas logo de manhã como se já fosse noite de forma provocante com mini-saias onde se vê o umbigo e tops quando ainda está a chover e enfiam-se nas lojas de roupa e gastam o que não têm só para que o môr olhe bem para elas com aqueles olhos que elas gostam e que só quer mesmo dizer comia-te toda e que realmente vai comer na sala de cinema para onde foram com o único propósito de se encherem de pipocas e colas e de se apalparem e lamberem durante cerca de duas horas não se ralando com quem quer que esteja a ver o filme ou a eles e que a única mensagem que têm para o mundo é olhá minha gaija é muita boa e olhó meu gaijo tem muito estilo.
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Mas o que é verdade é que tenho mais respeito por esta gente que sabe do que gosta e afirma-o para que toda a gente saiba do que por esses tais críticos de cinema que ai de mim se não dou cinco estrelas ao Manoel de Oliveira que já se devia ter reformado antes do outro ter caído da cadeira e que são obrigados a dar uma bolinha a um filme que até podem ter-se divertido com ele mas que caso não tenha uma mensagem profunda por trás ou não tenha um nome sonante à frente ficará mal não dar essa nota e ai de mim que perco a credibilidade, credibilidade essa há muito perdida porque quem ainda liga a eles é também gente dessa, anacrónica, que entrega os designios do pensamento a terceiros.

quarta-feira, abril 11, 2007

Ameixas

A ameixeira nasceu aqui. Cresceu aqui. Aqui nesta casa onde vivo. Não tem varanda, não é nada de especial. Não é especialmente dotada para que árvores despontem aqui. Não foi preciso muito... um pequeno canteiro, alguma terra e seis caroços de ameixa vermelha enterrados nela. Água à mistura com alguma regularidade. E tempo... tempo esse que é o que mais disponho. Na primavera do ano passado ela brotou da terra. Um pequeno ser verde apareceu do castanho daquele canteiro e nasceu. Falei disso por aqui já lá vai um ano.
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A ameixeira cresceu... e cresceu mais do que eu pensava que poderia crescer. Em Setembro parou e permaneceu estável durante o Inverno. Cerca de um metro e sessenta centímetros. Agora que a Primavera começou a fazer os seus efeitos chegou o momento da decisão... ou ficava mais um ano por cá e arriscava-me a ser impossível transportá-la para a santa terrinha ou ia já para lá.
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Decidi que estava na altura... embalei cuidadosamente o vaso, puxei os bancos do carro para a frente e deitei-a nele delicadamente. Fez a viagem comigo para longe da terra que a viu nascer sem saber que iria para um lugar bem melhor. Um pedaço de terra que me pertence, um cantinho de mundo que é meu. Terra boa onde pode crescer tudo. No dia seguinte, Sexta Feira Santa, lá fui com o meu pai e com a minha mãe fazer o transplante. Chegámos... eu levei o vaso, o meu pai a enchada e a pá, uma vara para servir de suporte e cordel, a minha mãe acompanhou de máquina fotográfica em punho para registar aquele momento de comunhão familiar. Então onde é que a queres? perguntou o meu pai Onde é que sugeres, respondi. Ficava bem ao pé da eira e eu concordei.
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Fizemos tudo aquilo juntos... a ameixeira lá ficou, espero que se torne uma árvore grande e que possa um dia comer umas ameixas à sombra das seus ramos numa tarde de início de verão. E recordando um grande momento familiar.
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Nesse pedaço de terra está também um pedaço de sonho... um sonho partilhado por pai, mãe e filho. O sonho de recuperar uma casa muito antiga em ruínas, ter os meus pais a viver lá e a poder gozar os fins-de-semana naquele pacífico cantinho.

Play me #18

Next... Devendra Banhart, no álbum Cripple Crow, com o tema Santa Maria da Feira. E sim... a Santa Maria da Feira que ele canta é mesmo a portuguesíssima terra Santa Maria da Feira lá para o norte.
E porquê esta música? Porque eu gosto dela e me apetece!

terça-feira, abril 03, 2007

Conspiração

Este é um post para denunciar a maior conspiração mundial dos nossos dias. Confesso que tenho bastante medo das repercussões desta denúncia e temo mesmo pela minha própria vida. Penso que esta gente é capaz de tudo e o facto de eu ter decidido desmascará-los pode levar a consequências graves para mim.
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O que eu estou a falar é da Salsa!!! Sim... a dança e não a planta aromática! Já repararam que toda a gente tem amigos ou conhece alguém que está na salsa? Pois é... isso prova que o domínio deles já é bastante alargado. O objectivo deles é dominar o mundo... o porquê, ainda não sei. Mas desconfio...
Para mim eles são extraterrestres... aliens que aterraram há algumas décadas atrás na América do Sul com o objectivo de conquistar o planeta. Como estavam em inferioridade númerica e não tinham uma supremacia tecnológica optaram por conquistar cidadão a cidadão. Como?! Através de lavagens cerebrais. Onde?! Nas aulas de salsa e respectivos convívios.
É precisamente dessa forma que eles vão espalhando os seus perigosos tentáculos. O modus operandi é sempre o mesmo. Pessoas que já estão na salsa, ou seja que já foram subjugados pelos aliens, tentam convencer os amigos e conhecidos que não estão na salsa a irem para lá. Exactamente... já estão a reconhecer. Quantos de nós é que já ouvimos aquela história do Tens de ir para a salsa e Aquilo é muito bom e ainda Lá é que vais conhecer a pessoa certa. Tudo isso são engodos. Só para apanhar o pessoal lá e torná-los em aliens. Já repararam que depois vocês nunca mais voltam a ver esses amigos em noites de sexta ou sábado. Nop... esses são os dias das reuniões onde discutem as estratégias secretas. E fazem-no em código com movimentos esquisitos do corpo. E depois chamam aquilo de dança! Não... aquilo são códigos. E nas poucas vezes em que os vemos à sexta e sábado é porque estão em missão de recrutamento.
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Pois é... tenham medo, tenham muito medo! O propósito deles é mesmo dominar o mundo, o poder deles está a alastrar... com que objectivo é que gostava de saber.

segunda-feira, abril 02, 2007

Análise

Sou uma pessoa desligada. É isso que sou. Não procuro as pessoas. Fico simplesmente à espera que elas me procurem. E quando elas decidem perder o seu tempo comigo, mesmo assim acabo por me esconder e torno-me difícil de encontrar. Queixo-me muitas vezes de falta de companhia, mas o culpado sou eu... não são as circunstâncias da vida, nem o ritmo da cidade. Sou eu. Eu, tão simplesmente eu. Fecho-me sobre mim próprio. Não procuro ninguém. Grito para que me encontrem e no entanto escondo-me.
Se isto é feitio?! É... mas cabe-me a mim e só a mim tentar ser mais ligado às pessoas que conheço e com as que se vão cruzando comigo.
Bloqueei a minha mente na tentativa de encontrar uma companheira... e não me apercebi que deste modo me afastava de tudo e de todos. Deste modo tornei-me infeliz comigo próprio e tão fechado que se tornou impossível conhecer-me. Não dou o passo de procurar, convidar, apelar e não dou hipótese que alguém faça isso comigo.
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Não fui capaz de entender que devemos viver os momentos livres em companhia. Na companhia de grandes amigos ou na companhia de pessoas que ainda não conhecemos bem, mas que simpatizamos. Mas sempre acompanhados. Que não vale a pena pensar se aquela nova amiga é um potencial amor ou se através daquele amigo se vai conhecer alguém especial. Isso não interessa... se tiver que acontecer, acontece. Não vale a pena ter medo de que, ao fazer um convite, possa dar um sinal errado de um possível interesse.
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Convidar significa simplesmente acho-te boa companhia.
Ser convidado significa simplesmente que nos acham boa companhia.
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É urgente uma mudança de atitude na minha vida... a intenção existe, vamos lá a ver o que acontece!

Conversas #12

Estás a escorregar e és tu quem está a empurrar! Não deixas que as pessoas se aproximem!