terça-feira, março 07, 2006

Crescer

Ameixas... eram ameixas! lembrei-me eu depois de muito pensar. Sabia que era fruta e que tinha caroço, mas não me lembrava o que era. Também era verdade que já tinha sido há muitos meses atrás. Passaram-se três dias desde o momento em que precisei de recordar o que era... mas só ontem, ao final da tarde, enquanto desfolhava uma revista vi numa página a mencionarem ameixas. Aí sorri e disse Ameixas... eram ameixas!
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Cheguei a pensar que eram pêssegos... mas não estava a ver a lógica. Não seria normal eu ter uma série de pêssegos em casa... muito menos tê-los comido numa tarde. Por isso não podiam ser pêssegos!
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Tinham de ser ameixas. Ameixas de uma árvore que nasceu sem que ninguém desse por isso no quintal da casa lá na santa terrinha. Cresceu e acompanhei o seu crescimento. Hoje é uma árvore grande... e quando dá fruta, são cestos e cestos de ameixas. Tantas que não dá para comer tudo.
Foi por isso que tinha várias em Lisboa. Os meus pais devem ter mandado um cesto delas Porque não se pode estragar disseram com toda a razão.
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Devia ser Junho ou Julho... acho que é nessa altura a época dessa fruta. Depois de ter comido várias de seguida peguei nos caroços e, quando estava para os mandar para o lixo, pensei E se eu fizesse uma coisa... Tinha lá por casa um canteiro, daqueles rectangulares de plástico, cheio de terra e sem nada de plantas. Ficou por lá desde as minhas experiências falhadas com plantas. Foram falhadas não porque nada tivesse nascido, mas sim porque nasceu demais. Não escolhi bem as sementes e tudo o que nasceu foi sem jeito. A casa encheu-se de mosquitos. Foi um desastre. Tive que destruir algum do matagal e deportar o resto para a santa terrinha. Lá por casa sobrou esse canteiro de terra sem nada e um vaso com alfazema.
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Pois então se bem o pensei, melhor o fiz. Peguei em seis desses caroços e enterrei-os. Não fazia ideia se era assim que se fazia. Nem me preocupava muito com isso. Aquele canteiro não iria ser mesmo utilizado por isso, não fazia mal nenhum em enterrar uns quantos caroços.
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Assim passou tempo... de vez em quando lembrava-me e punha alguma água. No início de Janeiro começaram a despontar algumas coisas verdes. Mas facilmente percebi que não era nada do que queria... simplesmente ervas daninhas.
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Mas esta sexta-feira que passou, quando cheguei a casa e fui fechar a persiana olhei... olhei e vi! Vi que algo diferente despontava. Aquilo não era uma erva. Aquilo é uma ameixeira a nascer. Foi um momento raro de felicidade. É claro que tenho ainda algumas dúvidas... nada percebo de plantas. Mas, no meu íntimo sei. Sei que é uma árvore. Uma árvore que eu semeei. Uma árvore que vou cuidar. Que irei a pouco e pouco transplantar para vasos maiores, até que possa chegar o momento em que a colocarei no seu sítio definitivo. E eu até tenho esse sítio... um pedaço de terra que é meu e que irá ter uma árvore semeada por mim... e vou querer vê-la a crescer.
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Uma vez perguntaram-me o que queria da vida... acho que ainda não sei bem. Mas naquele momento respondi Encontrar uma companheira, criar uma família e passar o tempo a ver as árvores a crescer. É mais ou menos isto que quero...
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Agora já posso ver uma árvore a crescer e é a primeira coisa que faço quando chego a casa... ir ver como está!
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Uma árvore... uma árvore cresce em minha casa... uma árvore cresce em mim.

viveremsegredo disse...

Boa! Já começas a cumprir os teus objectivos...e afinal...não tem obrigatóriamente de ter uma ordem especifica...:)

Anónimo disse...

Simbólico!

Quem sabe o que vem por lá...

heidy disse...

:) Sei o que sentes. Quando tomei a meu cuidado o meu pequenito bonsai, senti o mesmo. É o meu bebé. Nem em férias o deixo sem cuidado. E ninguém toca nele!!!! :) É meu! ;)

Vais ver que quando comeres a primeira fruta desse teu bebé, vasi adorar saber que contribuiste para ela ter aquele sabor. Cada gotinha de água, vai estar ali marcada, no suco. :)

Sendyourlove disse...

Plantar uma àrvore, escrever um livro, ter um filho...
3 grandes responsabilidades, mas ajudá-los a desenvolverem-se é muito gratificante...
Bjs
Beta

Anónimo disse...

Plantar uma árvore, escrever um livro, ter um filho... todos precisam de muita dedicação.... Arvore e livro (blogue) já tens, só falta ter um filho...

Ana P. disse...

Uma árvore cresce em ti?
Como dizia a minha avó quando eu era canina:
_" não comas os caroços das ameixas, porque depois cresce-te uma ameixeira na barriga!!!

Pelos vistos, não seguiste este concelho....

Bejos Alentejanos

Caiê disse...

Portanto, falta escrever o livro e ter o filho... ;) Keep on!

Anónimo disse...

Gosto deste post. E do fim.

E, olhem, eu já comi das ameixas da santa terrinha. Que boas!