Proposta

Devido ao constante aumento da estupidez humana proponho que algumas questões sejam resolvidas à cabeçada.

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Já não basta a lei. Já não bastam as multas. Já não basta esperarmos pela honestidade e consideração das pessoas. Tem de haver uma penalização suplementar e de aplicação imediata. A Cabeçada!

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Assim, sempre que virmos coisas mal feitas, infracções graves, simples asneiras, faltas de educação, faltas de formação moral e cívica deveria ser possível, a coberto da lei, nos aproximarmos do infractor e pregar-lhe uma valente cabeçada. Pumba! Já está! Toma lá que é para aprenderes!

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Claro que esta questão terá de ser legislada e fortemente regulamentada. Também não queremos que toda a gente ande por aí à cabeçada. A distribuir cabeçadas a preceito. Conforme lhe der na telha.

Primeiro teremos de criar um curso de formação profissional. E só completando esse curso é que cada cidadão poderá distribuir as suas cabeçadas. Como pré-requisito, o cidadão deverá fazer prova da sua cabeça dura. Claro que esta condição não deixa muita gente de fora. Mas para entrar no curso, o cidadão deverá também dar provas da sua integridade moral e formação cívica. Deverá também provar a sua capacidade de julgamento e discernimento. Com esta condição eliminaremos boa parte da população portuguesa.

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Deste modo, cada cidadão que possuir o seu Certificado de Cabeceador Oficial poderá, sempre que assistir a espectáculos de estupidez humana, distribuir uma valente cabeçada ao infractor.

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Apanhou alguém a conduzir e a falar ao telemóvel? Cabeçada!

Um político é corrupto? Cabeçada!

O construtor civil enganou-o? Cabeçada!

O produto que comprou tinha defeito? Cabeçada!

Passaram-lhe à frente na fila? Cabeçada!

Falam alto ao telemóvel? Cabeçada!

A salada que estava a comer tem uma grande lagarta? Cabeçada!

Alguém bêbado vai a entrar para o carro para conduzir? Cabeçada!

O Apoio ao Cliente não lhe resolve o problema? Cabeçada!

O carro que comprou vem avariado? Cabeçada!

Vê alguém a conduzir de forma perigosa? Cabeçada!

O porteiro armou-se em parvo? Cabeçada!

Ela(e) riu-se da sua cara quando se lhe declarou? Cabeçada!

Alguém meteu-se na sua vida e o incomodou? Cabeçada!

A operadora de telemarketing foi demasiado insistente? Cabeçada!

et cetera e tal? Cabeçada!

(escreva aqui a cabeçada que gostava de dar...)

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É claro que o sujeito cabeceado terá o direito de chamar uma terceira pessoa para dar a sua opinião. Poderia ser uma autoridade oficial que até pudesse aplicar uma coima devida caso fosse o caso. E se se provasse que a cabeçada foi dada com toda a razão... Zás! O agente da autoridade dava outra cabeçada (caso tivesse o Certificado). E porquê? Porque o infractor foi parvo em chamar alguém quando não tinha razão nenhuma!

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• Infractor - Ora ainda bem que chegou Sr. Agente. Este senhor deu-me uma valente cabeçada e eu acho que ele não tem razão.
• Agente - Ora vamos lá a saber o que se passou!
• Cabeceador - Este senhor vinha a conduzir ao telemóvel... ainda por cima em excesso de velocidade. Quando ele parou eu fui ter com ele... e dei-lhe uma valente cabeçada que é para ele aprender!
• Agente - Humm... e o senhor tem Certificado?
• Cabeceador - Claro!
• Agente - Mostre lá isso...
• Cabeceador - Aqui está!
• Agente - Muito bem... olhe que você devia plastificar isto. E você aí? O que é que tem a dizer?
• Infractor - Ah e tal... era uma chamada urgente...
• Agente - Então não nega!?
• Infractor - Quer dizer... sabe... era muito import... (pimba!)
• Agente - Esta é para aprenderes! Quando se chama a autoridade sem razão nenhuma tem-se direito a apanhar com uma cabeçada.
• Infractor - Dass... Outra?!?!
• Agente - E agora mais uma! Trás!! Que é para não praguejar na via pública!
• Infractor - Pronto! Pronto! Nunca mais faço nada disto!
• Agente - Olhe! Chegue aqui mais perto de mim. Pumba! Hehehe... esta foi como medida preventiva!
• Cabeceador - Óh Sr. Agente?! Eu acho que está a agir com excesso de zelo... é por esse motivo que tenho de fazer isto! Trás! Cabeçada!
• Agente - Vocé está parvo ou faz-se!?
• Cabeceador - Mostre-me lá o seu Certificado?
• Agente - Ah e tal... falta-me uma cadeira do curso... vou a exame em Setemb... (Truca!)
• Cabeceador - Toma lá que é para aprenderes também! Só os cabeceadores com Certificado é que podem cabecear.
• Agente - Pronto! Pronto! Não se fala mais nisso... Então boa tarde. E você? Quer que eu o acompanhe ao hospital?
• Infractor - Oh deixe lá isso... eu tomo uma aspirina. Bom... deixa-me ir para casa. Boa tarde e obrigadinho.
• Cabeceador - Boa tarde!

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Era mais ou menos assim que as coisas se deviam passar... infelizmente, ainda não é possível resolver a estupidez humana à cabeçada e duvido que esta proposta venha a ter condições para uma aplicação correcta.

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Mas se houvesse uma quantidade enorme de Cabeceadores Oficiais por aí, e que de forma anónima estivessem na rua, nos estabelecimentos comerciais, nos empregos, na estrada, enfim... por todo o lado, estou certo que haveria uma redução drástica na estupidez humana. Toda a gente teria medo de se virar para o lado e apanhar com uma valente cabeçada daquelas que até faz ver estrelas.

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