domingo, setembro 09, 2007

Vamos lá

Arranquei naquela manhã muito cedo, talvez umas nove, queria seguir, partir o mais rapidamente possível antes que as forças faltassem e me impedissem de ir. Sabia que tinha de ser assim... acelerar para o mais longe possível de forma a dificultar o regresso. Planeado só estava o primeiro dia, e nem assim segui esse plano. Calculei mal os tempos de viagem e em vez de seguir directo à ponte centenária que me separava da Galiza acabei por fazer desvios e parar. Foi assim toda a viagem... um plano geral que se ia cumprindo ao sabor das vontades, das neuras, dos momentos, das temperaturas, dos gostos, do que ia vendo e palmilhando. Comia onde parecia ter bom aspecto, às vezes pensando no preço e outras vezes não pensando em nada. Entrei em sítios só por terem gente, noutros porque tinham um cantinho vago no balcão e noutros ainda por serem o primeiro que encontrei e a fome já apertava. Bebi a gosto e com muito gosto copas de Albariño, Ribeiro e Rioja. Bebi cañas à tarde e muitas botellas de água. Bebi quando tinha sede e bebi mais ainda quando queria espantar fantasmas. Bebi quando queria só apreciar o momento e una copa de branco era o melhor para acompanhar naquelas mesas e cadeiras de esplanadas em chão antigo e mirando torres de igrejas que deitavam sombras de História sobre quem passava. Fiz quilómetros em auto-estradas, vias rápidas, estradas normais, estradinhas vulgares onde há muito não passaria um carro português concerteza... e até em estrada batida andei. Dormi bem e dormi mal... repetiria uns sítios, evitaria outros. Acampei nas praias e nas cidades dormi em hoteis. Apanhei calor em Ourense e frio em Lugo. Nevoeiro em Fisterra e neura em Pontevedra. Calor e chuva em Santiago. Perdi-me em Vigo. Dormi sob um temporal medonho em Estorde. Apanhei dias de praia em Nigran como ninguém apanhou em todo o Agosto. Encantei-me com toda a Costa da Morte. Fiquei indeciso em La Guardia contemplando Portugal e voltei a embrenhar-me na Galiza por mais uns dias. Andei à minha vontade, às minhas ordens. Num posso, quero e mando absoluto. Fui ditador do meu destino não me subtraindo a nada que me apetecesse. Ocupei o tempo como podia... tirava fotos, comia e bebia. Passeava, andava a pé. Entrei nos sítios que encontrava. Fiz o que as chicas dos postos de turismo sugeriam. Quando algo já não tinha mais para oferecer então procurava el coche onde quer que o tinha deixado, pegava no mapa e dizia para comigo E agora para onde?, e lá encontrava algum sítio que o guia sugeria e dizia Vamos lá!

Sendyourlove disse...

Acho que tu, mais que ninguém, precisava de umas ferias assim...
Remando contra moinhos de vento qual Dom Quixote...e saindo vitorioso...
Sinceramente ansiava muito para saber novas tuas, mas tinha a certeza que virias em paz, como me parece que estás por aquilo que escreveste até então.
Estou muito feliz por ti...mesmo que pareçam palavras vãs...
Beijos gordos e doces

Unknown disse...

afinal, ao que "vejo", a companhia foi bem boa!!

;))

Beijos é bom ter-te de volta

Salseira disse...

PARABÉNS!!! :D

Anónimo disse...

La Guardia.

Atira-me para as páginas de "Por quem os sinos dobram".


Por ti.



Ainda bem que gostaste.

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Beijo GD

Afrika disse...

Bem, não se pode dizer que conheças parte da GALICIA... não importa onde os caminhos nos levam o que importa e' o que neles encontramos!
Um beijo

3ap disse...

Confetis, pipocas e vivas de boas vindas pro Siñor Que Plana..

:)

Eyes wide open disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Meow disse...

Bienvenido! Parece que afinal não foi nada mau ;)

Ana A. disse...

Isso sim, foram férias!
Arrependido? Não me parece...

Anónimo disse...

Plimmmmmmmmmm, MAGIA :-)

Anónimo disse...

É (muito)bom saber de ti.