sábado, janeiro 26, 2008

Caminhou

Caminhou daquela rua da Baixa até onde tinha deixado o carro. Meia hora passava da meia-noite e as ruas estavam deserta. Ainda de fato e sobretudo àquela hora da noite de sexta para sábado. Caminhou sentindo cada pequena escuridão que gritava de cada canto menos iluminado. Caminhou. Caminhando. Pensando. Sentindo o frio que se fazia sentir. O carro lá estava onde o tinha deixado umas horas antes em frente da Casa dos Bicos. Era tarde e cedo. Era tarde para quem se tinha levantado muito cedo. Era cedo para quem não sentia que era tarde. Apetecia-lhe beber um copo. Não lhe apetecia companhia. Apetecia-lhe casa. O sossego da casa. O silêncio da casa. As referências da casa. Pensou no que tinha para beber. Não tinha nada. Decidiu parar numa estação de serviço e comprar umas cervejas. Assim o fez. Na estação de serviço pululavam animais. Só podem ser animais gente cujo divertimento de uma sexta é ir para uma estação de serviço mostrar os seus carros tunning e vegetarem por lá a beber cerveja. E eu penso Não há grande diferença entre estes animais e o animal que eu sou, tanto eles como eu fazem o que lhes está a apetecer naquele momento. Encaminho-me para casa. Abro uma cerveja e bebo-a à janela. Penso no dia. Penso que hoje estive abraçado a uma deusa. Penso que há coisas engraçadas. Penso em como é possível gente que não me conhece de lado nenhum consegue conhecer-me melhor do que pessoas que me conhecem tão bem. E penso como isso é engraçado. E penso que não tenho vontade de rir. E penso que não vale a pena pensar nisso. E agarro na segunda cerveja e dou mais uma golada. E encolho os ombros e sorrio.

Anónimo disse...

:)
lembra-me seaweed, dos tindersticks

osculinhos
pipoq

Anónimo disse...

ah.. tipo isto. mto. :)

abracinhos complementares aos osculinhos.

pipoq*

A. disse...

A sorrir é uma bela forma de acabar a noite.

Estranha pessoa esta disse...

E é esse encolher de ombros.
Que dá graça.
A isso que chamas..
De caminho!

Anónimo disse...

Bebo-te.
da mesma cerveja.


sorrio-te num mesmo encolher de ombros.



amigo.



Beijo. Boa semana.

Anónimo disse...

Já tinha saudades de textos assim neste blog.

Campainha disse...

Fantástico!

Anónimo disse...

Porque escreves sempre como sendo "ele"?

Teresa Gonçalves disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Azul Limao disse...

Às vezes é necessário 'muito pouco' para esboçarmos um sorriso... que vem da alma!
Parece-me haver um passarinho verde! ;-)

Anónimo disse...

O que será que aconteceu à Deusa do princípio deste ano? Sou apenas eu a pensar e não uma pergunta.