Isqueiro

Como é costume em muitos dias, hoje antes de ir almoçar, dirigi-me à tabacaria para comprar cigarros. Eu sei... é uma estupidez, mas também não posso passar a vida a cravar o mesmo e já sabia que depois de almoço me ia apetecer.

Depois de ter pedido o Ventil dei meia volta e nesse instante fui abordado por uma menina. Uma menina daquelas mesmo ao meu gosto... um ar normal, perfeitamente comum, uma face redonda e bonita, cabelos ondulados e um olhar deliciosamente inocente... tão inocente que era quase provocador. Com um sorriso ela disse Tem um isqueiro. Eu imediatamente respondi com o meu ar habitualmente antipático um seco Não tenho lume! e ia para continuar a andar quando ela voltou à carga para dizer Desculpe, não percebeu... Tem aqui um isqueiro oferta do Ventil. Sorri embaraçado, aceitei o isqueiro e segui. E segui a pensar E não podias ter sido sorridente com uma menina tão jeitosa e simpática?

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Estas situações são típicas em mim... embora não seja uma pessoa antipática por natureza, sou uma pessoa que apresenta quase sempre um semblante fechado, quase mal disposto. É fachada, mas obviamente as outras pessoas não o sabem.

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Aqui há uns anos aproveitei uma conversa com uma pessoa que me conhecia mal e que gostava muito de lançar olhares a desconhecidos para tentar saber uma coisa. O que lhe perguntei foi como ela, mulher, olhava para mim, homem. O que via quando olhava para mim que era praticamente um desconhecido. Ela lá disse que via uma pessoa fechada e antipática com quem não valia a pena gastar mais tempo a olhar segunda vez.

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Talvez o problema seja mesmo esse... sou pouco sorridente para quem não me conhece.