domingo, fevereiro 12, 2006

Primavera

Apareceste vivia eu um longo inverno... e quis a ironia do destino que te conhecesse num local chamado Primavera.
Foi quase há um ano mas recordo essa noite como se fosse ontem.
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Vi a beleza do teu olhar quando te viraste. Tinham-te chamado para perto de nós e tu vieste. E porque não virias tu? Eram pessoas que conhecias... amigos do teu irmão. Desde sempre soube que tu existias... mas não te conhecia.
Ficaste ali... por ali. A conversar connosco.
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Enquanto te ouvia o som da tua voz ecoava como música. E quando te rias parecia que aquele local mal iluminado se enchia de luz.
Fiquei logo ali encantado por ti. Sempre ouvi dizer que um dia, quando menos se espera... Esforcei-me sempre para acreditar nessas palavras. Muitas vezes as repeti a mim próprio na vã tentativa de me convencer. Mas no fundo... no fundo não tinha fé nenhuma nelas.
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Durante essa noite não fui capaz de me afastar de ti... queria saber tudo. Queria inspirar daquela energia que emanavas. Queria beber daquela vivacidade que libertavas.
Nessa noite falei, sorri, ri às gargalhadas contigo. Dancei. Olhei para ti incrédulo no que estava à minha frente. Desde sempre soube que tu existias... mas ali estava eu, homem de pouca fé, incrédulo a pensar És tu! Encontrei!
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Nessa noite soube que ias embora... ias embora por seis meses. Partias daí a uma semana ou duas.
O meu ânimo sofreu com isso... mas, sou sempre protector dos meus sentimentos. Do alto das muralhas que tão bem construí não deixei que me invadisses por completo. Olhei para mim, senti-me ridículo e pensei Deixa-te de coisas... como é que uma jovem daquelas te iria ligar alguma!?
Mas tinhas-me marcado profundamente. Vi-me a arranjar forma de te contactar. E descobri como... descobri o teu mail. E durante esses seis meses falei contigo. Sempre com um entusiasmo que fazia questão de travar. Por vezes via-te online mas, a muito custo, evitava falar contigo.
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O tempo passou e regressaste.
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Regressaste e todo o esplendor do meu encanto regressou também.
Os teus actos... as tuas atitudes. As tuas palavras... os teus sorrisos. Os teus olhos... os teus cabelos revoltos. Tudo era ópera para mim.
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Tudo em ti me dizia que correspondias ao que ia dentro de mim. E então, nessa altura, destruí todas as muralhas que tinha. Destruí-as com prazer. Ávido de me libertar da fortaleza em que me tinha refugiado. Senti-me leve... leve como se navegasse em nuvens.
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Mas depois veio a tempestade... a tempestade que me fez naufragar. Tu apercebeste-te e forçaste-me a falar disso. E fizeste bem... claro que só conseguiste que eu o fizesse à distância. A minha incapacidade com as palavras ditas levou a que essa conversa fosse feita no refúgio das palavras escritas.
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Esclareceste-me. E fizeste bem... Sim, gostavas de mim. Sim, gostavas de mim mesmo muito, mas não da mesma maneira que eu gostava de ti.
Pedi-te desculpa... senti-me envergonhado. Caí na realidade nua e crua. Tudo tinha sido um sonho lindo que sonhei numa manhã de luz que se seguiu a uma noite longa e escura.
Disse-te que me tinha de afastar... pedi-te que compreendesses. Compreendo disseste tu.
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E afastei. E consegui manter-me afastado durante algum tempo. Nesse tempo procurei viver... viver e sentir... e vivi e senti!
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Via-te na santa terrinha e limitava-me a cumprimentar-te. Via-te online e permanecias bloqueada. Soubeste que estavas bloqueada mas compreendeste. Não me parece bem disseste tu com um sorriso.
Mas ouve uma noite em que nos encontrámos. Deste-me grande atenção nessa noite. E mais uma vez todo o meu encantamento se manifestou. No final dessa noite disse-te A partir de amanhã estás oficialmente desbloqueada.
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Só podia ser... a verdade é que me sinto feliz quando estou contigo. Não quero que o inverno regresse. Sinto-me bem e sinto-me feliz. Tens sido o sol que me aquece... o sol que não posso tocar. Mas que me aquece e sinto todo o calor que me dás.
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Olhar os teus olhos, ver e ouvir o teu sorriso, escutar as tuas palavras, observar os teus cabelos revoltos, ver-te a passar no teu movimento roliço... tudo isso me faz sorrir. As tuas conversas, o jeito como me falas, a capacidade com que me desarmas, a forma como as conversas saem fluídas e longas... tudo isso me deixa contente. Já tentei manter um ar sério mas é inútil. Tudo em mim é sorrisos quando estou contigo.
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Sei que te tenho de esquecer... mas até lá deixem-me ser feliz. Uma felicidade ingrata porque não é total.
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Um dia, e é provável que seja dentro de muito pouco tempo, terei de te bloquear da minha vida outra vez.
Para poder encontrar outro alguém que me faça sentir assim... ou melhor ainda!
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Mas uma coisa tu fizeste e fazes ainda... deixas-me feliz e destruiste a fortaleza em que vivia.
É por isso que digo sem ironia... Obrigado por me teres deixado desorientado e desprotegido! Assim mudaste a minha vida para sempre!

Anónimo disse...

Que bonita declaração de amor!! Que feliz se deve sentir qualquer mulher a quem ela se dirige...

musalia disse...

(..)não acordeis nem desperteis o amor, até que ele o queira.

Cântico dos Cânticos, liv.2, 7.

heidy disse...

Não vou dizer nada. :) Se te faz sentir.. bloquei-a quando te sentires preparado para. A vida é mesmo assim. Mas tudo tem uma razão de ser. Sei que já ouviste esta frase dita por mim. Mas é isso que acredito. :)

viveremsegredo disse...

a vida seria demasiado previsivel se pudessemos escolher estas coisas...:) beijitos

Eva Shanti disse...

É o que se chama aprender a lições que a vida nos dá!

É olhar para uma experiência menos boa de forma positiva.

Bjs

Eb1Eng.ºDuarte Pacheco disse...

É realmente triste as historias de amor nao terem todas um final feliz...

Meia Lua disse...

Vivi uma situação parecida, por isso mesmo não posso comentar este post... estaria a dar uma opinião pessoal e não imparcial, como seria o correcto.
Vive o que sentes... não te percas nem a ti e nem a consciência das coisas como tens agora. :*

Anónimo disse...

Nada na vida é definitivo, nem a própria vida