quarta-feira, maio 02, 2007

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Havia dias assim... era uma constante. Já nada podia fazer para contrariar. Talvez até pudesse, mas já não tinha forças para isso. Limitava-se a sentir que afundava. Nestes dias tudo o que queria era que o tempo decorresse rapidamente. Que a manhã passasse rápido para ir almoçar, que a tarde voasse para ir para casa, que a noite chegasse para ir dormir. Era o que precisava... que o tempo passasse rápido. Que os dias passassem rápidos. Que as estações se sucedessem rápidas. Que os anos voassem. Todos os dias tentava esboçar sorrisos que procuravam enganar quem o rodeasse. Esses sorrisos eram cada vez mais difíceis de fazer. Ao final do dia regressava a casa, olhava a nespereira grande e as duas pequenas, procurava as duas laranjeiras e ia ver o avanço do limoeiro. Eram talvez os momentos de maior preenchimento que sentia em cada dia... triste, muito triste. Pouco, muito pouco. Até há bem pouco tempo procurava preencher algum vazio debitando o que lhe ia por dentro para os botões de um teclado... mas até isso já lhe custava. Esforçava-se para procurar algo que gostava para o inscrever naquela lista onde já inscreveu mais de duzentos gostos... mas cada dia que passava era mais difícil. Abria muitas fotos que tinha para procurar algum pormenor que valesse a pena expôr, mas quando falta alegria aos olhos é difícil para eles encontrar beleza. E quando às vezes pensava melhores dias virão não deixava de pensar também que essa frase já não trás alento nenhum.

Anónimo disse...

Um dia o sol chegará à esplanada. E secará todas as tuas lágrimas.
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Mudando de tom!!
Quando leio o teu blog não sei se tenho raiva ou pena de ti. Talvez porque me reveja nas tuas palavras escritas. Nunca te cansaste de ter pena de ti próprio?

a anónima das lágrimas na esplanada

Fragmentada disse...

Mais Prozac e menos Platão? Sempre ajuda, quando sair do fundo custa... Pessoalmente sou mais adepta de recuperar aquilo que nos fazia feliz antes, antes de... Dançar, remar, ler um bom livro, fazer uma caminhada, reencontrar Aquela pessoa que nos trás sempre um raio de sol, olhar o arco-irís... A felicidade está normalmente nas coisas mais simples...

Ana A. disse...

Eu sei que é profundamente cliché, mas não deixa de ser verdade. A esperança é a última a morrer. Mas deve morar sozinha numas águas-furtadas a caminho do céu...

Um beijo solidário.

Salseira disse...

"Dar a volta por cima" não é fácil. Envolve muito esforço da nossa parte, muito trabalho e muita atenção a cada momento que vivemos.

Mas, antes de qualquer outra coisa, é preciso pararmos de sentir pena de nós próprios e de nos sentirmos vítimas.

Não estará na altura de bateres com os pés no fundo da piscina para vires à tona?

Talvez mostrares o teu outro lado te traga aquilo que andas à procura. Do pouco que conheço de ti acho esse outro lado mais apelativo do que este...

Anónimo disse...

Estás a usar um cilício? É o que parece... provoca-te uma dor constante, mas perfeitamente evitável. Porque insistes em usá-lo?

Muda de atitude!

Catarina disse...

Se fosse simples mudar... mudava-se e pronto, nem se olhava para trás... Falo por mim, mesmo gostando de desafios quando toca a "este assunto" parece que as forças me abandonaram e o fundo parece o lugar mais estável apesar de ser o mais doloroso...

Senti cada palavra, talvez a única diferença seja a parte "Que os anos voassem" pois é estranho, quero e preciso que o tempo passe rápido mas não os anos, pois perde-se muito... talvez por sentir que muito já se perdeu...

Anónimo disse...

Catarina:

Que idade é que tu tens? 26? Não desperdices os anos, especialmente esses...

Anónimo disse...

Por vezes começo também a pensara ssim, sabes: a ver a vida com menos cor, a resignar-me às coisas menos boas que me têm surgido no caminho. Mas depois acabo por me recusar a ver isso, sou tão novinha, ainda tenho tanto para viver, não posso pensar assim. E a seguir penso outra vez que não tenho sorte nenhuma... E pronto.
Mas tenho esperança que sim, que novos dias virão. Eles chegam quando lhes barimos a janela e deixamos entrar outras coisas.
Pensa nisso!

Eyes wide open disse...

[estive quase para não te comentar, mas…] I give up… de que servem as palavras dos outros, quando não fazemos um esforço para saltar fora de um abismo em que teimamos em deixar-nos cair. Lembra-te daquelas pessoas que têm problemas de saúde, ou que não têm casa, que não têm emprego, ou não podem trabalhar, sem pessoas que lhes queiram bem e que com eles se preocupem. TU tens tudo isso. És uma pessoa cheia de qualidades e capacidades. É certo que nem tudo corre como gostaríamos… mas de que te vale o auto-massacre (concordo com os comentários da Zeni…)? TU tens na tua mão a capacidade de reinventar a tua vida, de realizar sonhos e atingir objectivos. Eles não se materializarão diante de ti, se te limitares a observar o crescimento das nespereiras… ou a desejar que o tempo voe.

Beijo.

P.S. Tinha decidido ontem, que precisava fazer uma pausa, designadamente no Eyes, mas excepcionalmente hoje haverá um post. Um pouco lamechas, aceito, mas com uma mensagem preciosa de um guerreiro… para ver até ao fim.

Anónimo disse...

Quantos posts já escreveste sobre este mesmo asunto? E quantos comentários já te fizeram todos ao mesmo estilo? Muitos não? Muitos mesmo! Os comentários e os post sobre a pena que tens de ti prório andam em círculos e não chegam a lado nenhum! Que te posso dizer eu que ainda não te dissseram? Nada! Uma desconhecida que lê o que escreves! Só posso dizer um grande palavrão mas não digo porque não quero ser mal educada! As palavras que faltam dizer só tu as podes procurar...

Anónimo disse...

Eu também tenho fases assim... fácil é falar e dar conselhos...
sabes o que faço: espero que a fase da lua mude...

Luís Leite disse...

Mas como está tudo tristonho aqui... Por vezes os suburbios do nosso ser arrebate-nos para a escuridão, mas a lua também dança, podemos é esquecer-nos de olhar para ela. Às vezes, nas manhãs submersas das remelas bêbadas fazem-nos dores de cabeça e o mundo divide-se em dois mas podemos abrir a janela, e sentir o ar fresco limpar as torturas mentais. É tudo um estado da dor, no qual podemos saber lidar e aprender, ou não saber lidar e escorregar nos esgotos perfidos da mente. Um abraço. Gosto do esplanado.

Ps. Vou te por nos meus links