Esperam
Os amigos são aquelas pessoas que sabem tudo a nosso respeito e apesar disso gostam de nós.
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Ontem os meus pais telefonaram. Disseram que já nada sabiam de mim há muito tempo. Eu respondi que não era verdade... que ainda no sábado tinhamos falado. Mas eles insistiram... porque tinham a sensação que há muito não falavam.
A questão até é simples... depois de ter ido lá praticamente todos os fins-de-semana nos últimos dois meses sentiram a minha falta por ter ficado por cá este.
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Muitas vezes me interrogo o que estou a fazer por Lisboa. Sou daqueles que acha que o mais importante na vida é a família. E a minha... a que tenho são os meus pais. E agora somos só nós.
Eles só me têm a mim... eu só os tenho a eles.
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Gosto do meu trabalho. Sei que para fazer o que faço a única solução é estar em Lisboa. Gosto desta cidade e sinto-me bem aqui. Por isso permaneço.
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Mas sentir-me-ia melhor sabendo que podia acompanhá-los mais.
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Tem sido uma luta constante dentro de mim. Entre aquilo que desejo para mim e aquilo que sinto ser o meu dever.
A minha mãe, sempre uma fonte de sabedoria, sentiu isso e disse-me uma vez que eu devia viver a minha vida e que não me preocupasse com isso. Que eles estavam bem e que Lisboa no fundo era pertinho. No fundo só me quis descansar.
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A intuição, herdei-a da minha mãe, diz-me que não é bem assim!
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O tempo vai passando... e acabo por involuntariamente fazer aquilo que prefiro.
Como nunca conseguiria arranjar um emprego que me satisfizesse por lá, acabo por me ver "obrigado" a ficar por cá. Assim torna-se impossível de tomar a atitude indesejada por mim de regressar à terra natal.
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Mas sinto que esperam mais de mim... esse tem sido o grande problema.
Sei o que esperam... e sei também que é meu desejo dar-lhes essa alegria. Também seria alegria para mim.
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Isso... é outra questão da minha vida. Tenho sempre receio que as pessoas esperem mais de mim do que aquilo que posso ou quero ou estou disponível para dar. E, por essa via, acabar por deixar tristes essas pessoas.
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O que vale mesmo é os amigos... conhecem-nos, nada esperam de nós e apesar disso continuam a gostar de nós!
sabes qual é a solução? dizeres frontalmente até onde estás disposto a ir...dizeres as tuas vontades ou assumires a falta delas...se fores directo...não existem motivos para os outros ficarem à espera do que disseste que não querias dar...parece-me simples...:)
Os pais melhor do que ninguém (mesmo quando não parece) sabem muito bem que os filhos terão de seguir a sua vida vivendo-a. Só que para os pais os filhos são sempre aquelas "coisinhas" pequeninas e indefesas. E sabes... mesmo quando desejam muito que permaneçam no ninho,lá bem debaixo da sua sainha, o que os pais querem mesmo é que eles sigam em frente lenvantem voo e sejam felizes. Essa é a melhor coisa que lhes podemos dar (a melhor que podemos receber).
Os pais gostam de nós como somos, mas esperam muito de nós, porque projectam sobre nós os seus próprios desejos...
Os pais quando têm filhos sabem que os filhos vão voar... e sabem também que sempre vão retornar ao ninho, porque não conseguem viver sem o seu calor e sem o seu carinho. Os filhos, estes levam os pais dentro deles, para onde quer que vão...
Meu querido intuitivo ;)
há poucos anos debati-me com uma questão: prosseguir o meu trabalho noutro lugar ou dar total atenção a quem me criou. Escolhi a primeira. O tempo não podia parar. Hoje, tenho um trabalho melhor, por isso... Mas ela morreu e eu nunca lhe disse como ela era importante. Todos os dias penso nisso.
São escolhas e todos somos diferentes. A vida é uma merda, basicamente. A verdade é que essa doce querida não me pedia nada. Eu é que quero o mundo todo, como sabes. :)
"estou bem, aonde não estou, porque só quero ir... "
Ora bem...
Eu moro a 10 minutos dos meus pais, sou capaz de falar 2, 3, 5 vezes por dia com a minha mãe, mas nunca é o suficiente - às vezes para ela, às vezes parab mim, pois temos uma relação que já não é de mãe e filha, mas de duas grandes amigas, já adultas.
Tenho alturas em que frequento mais a casa paterna, tenho outras alturas em que me custa e eles ressentem-se, talvez mais o meu pai que gosta sempre de me pôr a vista em cima, que tem o péssimo hábito de sempre que fala comigo ao telefone perguntar: «Onde é que tu estás?». Claro, que a maior parte das vezes dou uma resposta disparatada, e ele bem sabe que odeio aquela pergunta sacramental.
A família é muito importante, mas não é qualquer família, é a família nuclear. Disso não há dúvida, e por mais amigos que tenhamos, ou poucos mas bons, a verdade é que quem nos deu a vida é quem mais nos ama (pelo menos essa é a regra).
«O tempo vai passando... e acabo por involuntariamente fazer aquilo que prefiro»
Interessante esta frase. Talvez quisesses dizer «inconscientemente» em vez de «involuntariamente», pois antes dizes: «Gosto desta cidade e sinto-me bem aqui. Por isso permaneço»
Estes juristas são tramados, não são? Conseguem ser piores que psicólogos....eheheheheheh
«Mas sentir-me-ia melhor sabendo que podia acompanhá-los mais» - claro que sim, é o amor que sentes pelos teus pais que te leva a pensar assim e é mais do que legítimo.
Agora, essa do "obrigado" a ficar por cá, não me convence de todo. Tu voluntariamente queres continuar em Lisboa, porque tens o teu trabalho e uma série de coisas que são importantes para ti. Por isso, gostas e permaneces - és tu que o dizes, não sou eu!
«Tenho sempre receio que as pessoas esperem mais de mim do que aquilo que posso ou quero ou estou disponível para dar. E, por essa via, acabar por deixar tristes essas pessoas» - alma de perfeccionista, de equilibrista que tenta a todo custo manter todos bem, o Eu e os outros. Eu também sou assim.
«O que vale mesmo é os amigos... conhecem-nos, nada esperam de nós e apesar disso continuam a gostar de nós!» - os amigos conhecem-nos e gostam de nós, tal e qual somos, mas será que não esperam algo de nós? Não há nada mais humano do que criar expectativas e quantas são as vezes em damos com a cabeça no chão, porque tínhamos uma determinada expectativa e as coisas não correram tão bem como esperavamos...
Bjs
Familia, a que nos calha e a que escolhemos (amigos incluidos), o resto é conversa, tudo vai e vem, agora a familia...
Porque os amigos, os realmente verdadeiros acabam por ser família que temos oportunidade de escolher... :)
Eu era assim com os meus avós, infelizmente o meu avô faleceu, mas a minha avó é a minha vida....
Um bem haja também a todos os avós..
Com carinho
Ana
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