quinta-feira, março 02, 2006

Carnaval

Nunca foi meu hábito brincar ao Carnaval. Mas este ano foi excepção... e ainda bem que assim foi porque me diverti bastante!
.
Acho que a última vez que tinha colocado alguma espécie de fantasia foi por alturas em que andava na escola primária. Pelo menos não tenho recordação nenhuma mais recente.
.
Este ano, meti um dia de férias na segunda e pude passar os quatro dias na santa terrinha. Quando estava a fazer a mala, antes de sair, decidi enfiar lá algumas coisas que trouxe de viagens que fiz. Pensei... just in case. Não fosse na própria noite de Carnaval querer vestir algo diferente e depois não ter e ficar com pena.
.
Logo no início do fim-de-semana comecei a ver que a noite de Carnaval podia estar comprometida. As minhas principais companhias para sair não passariam essa noite lá. Uma no Porto... o outro em Lisboa. O caso apresentava-se difícil.
Mas este ano... este ano eu tinha vontade de sair. Já me tinham dito que essa noite era muito boa lá num determinado bar. E eu queria ir!
.
No final da tarde de segunda tentei confirmar que pelo menos alguém que eu conhecesse bem iria. Sabia que ia encontrar muita gente que conheço por lá, mas uma coisa é encontrar gente que se conhece e com quem se troca umas palavras e outra coisa é saber que vamos encontrar gente de quem gostamos muito.
.
Pois bem... no final da tarde lá troquei umas mensagens. Confirmou-se! Iam para lá. Bom! Assim já não me importo de ir. Mas havia um ligeiro problema... essas pessoas iam totalmente mascaradas e, para que ninguém soubesse quem eram, a ideia era encontrar-nos lá.
.
Isto significava que teria de ir sozinho... no problem pensei eu. Mas se elas estavam mascaradas eu decidi dificultar-lhes a vida e mascarar-me também. Mal sabia eu que ia era dificultar a vida a mim próprio!
O que tinha enfiado na mala era uma camisa muito fina tunisina, um lenço estilo Arafat e um casacão marroquino muito grosso com um capuz. A ideia era ir com a camisa, o lenço e o casacão... quando tivesse calor tirava o casacão.
Mas ainda assim... a cara estaria descoberta. Tinha de arranjar uma forma. Fui a uma loja comprar uma daquelas máscaras que se enfiam totalmente na cabeça. Encontrei uma que se assemelhava a um velho árabe, com umas longas barbas brancas.
.
À meia-noite lá rumei sozinho para o bar. Entrei completamente disfarçado... a máscara com as longas barbas, casacão marroquino e com o capuz enfiado. Vi várias caras conhecidas a olharem para mim sem me reconhecerem. Olhavam, sorriam e não esboçavam qualquer gesto de reconhecimento. Fiquei satisfeito! Estava irreconhecível como era minha intenção. Mas aí começaram os problemas...
.
O calor dentro do bar era insuportável... o calor dentro de tudo o que levava era pior ainda. O calor dentro da máscara era indescritível.
Fui ao bar e pedi uma cerveja... gritei! Mas o barman não me conseguia ouvir. Por gestos lá consegui que ele percebesse. Com a cerveja na mão tive outro problema. Não a conseguia beber. A máscara tinha uma abertura para a boca... mas era impossível que a boca estivesse alinhada com a abertura. E quando conseguia, as barbas impediam qualquer tentativa.
As aberturas para os olhos estavam sempre a desalinhar-se com os próprios olhos... mas o pior não era isso! A respiração era complicada... e cada vez que expirava os óculos embaciavam completamente.
Ou seja... vi-me no meio do bar a respirar com dificuldade, a sentir um calor insuportável, a não ver quase nada à minha frente e a não conseguir sequer beber para sossegar a minha sede.
.
Não aguentei... ao final de um quarto-de-hora tive que retirar a máscara. Aproveitei um momento em que estava perto de um amigo com quem já me tinha metido e ele tinha respondido Vai pró caralho! Quando retirei a máscara todo eu suava... e surpreendi as pessoas que conhecia e que estavam lá perto. Surpresa geral... é que também ninguém esperava que eu me mascarasse.
.
Aí a noite melhorou... tirei o casacão e fiquei com a camisa fina tunisina e o lenço Arafat. Era o suficiente. Servia para o efeito.
.
O resto da noite... foi passado a dançar, a falar com este e aquele. A divertir-me!
O curioso do Carnaval é que basta um pequeno disfarce para que nos sintamos dentro da festa... os que não tinham pareciam estar completamente à margem.
.
Foi uma grande noite! Para o ano quero ver se me mascaro de forma a que ninguém me reconheça... mas também de forma a que o disfarce seja suportável!

Alma disse...

O hábito faz o Monge mas quem não quer ser lobo não lhe vista...as barbas?!

Sendyourlove disse...

Adorei a tua descrição, ri-me imenso, e fiquei muito feliz por te teres divertido...eu tb podia me ter divertido, mas tive medo... para o ano à mais.
Bjs

heidy disse...

lolo gostaste!!!! Agora ninguém te para. :P

Anónimo disse...

Não devo ter percebido bem: Disseste que o "resto da noite foi passado a dançar"?!!

musalia disse...

se te divertiste valeu a pena o sofrimento ;)